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Pelotas está comemorando 200 anos e vivendo um momento de
reflexão sobre sua história. O grupo Tatá quer contribuir com essa remexida nos
fatos significantes que constituem, hoje, esta comunidade.
No processo de criação de Tatá Dança Simões, o grupo, ao
investigar as “raízes” de Pelotas, mediado por Simões Lopes Neto, foi parar na
senzala. O Tatá conta, então, a sua versão, do que conseguiu reconstituir, no
seu modo de reconstituir. Busca resgatar o vazio, a falta de sentido para a
vida enfrentada por grande parte da população desta cidade. A este sentimento
até então não experimentado, nomearam banzo. Entre outras coisas, o Tatá quer
falar do banzo, quer traduzir, nos corpos em cena, a força, a dor e o vazio da
palavra escravidão.
O Clube Ficahí é um referencial da cultura negra, em
Pelotas, um lugar que atualiza e não ameniza os significados das palavras banzo
e escravidão. E é neste espaço que o Tatá Dança
Simões no dia 15 de junho.
Na história inspirada em Simões Lopes, já não há como
enxergar, vive-se em pleno breu, a esperança de se ter novamente a luz
contemplada foi extirpada, pois os olhos foram devorados. Aqui não é o vazio,
mas a escuridão e o medo que são retratados.
Mesmo não tendo este objetivo no início de sua montagem,
o espetáculo desconstrói o arquétipo do gaúcho para encontrar o ser humano que
está por trás dele. Quem é este homem do extremo sul? A cultura e os sujeitos
emanam da troca de experiências reunidas no cotidiano pelo nativo, pelo
escravizado e o colono.
Com esse intuito, convidamos a todos para assistirem, no
dia 15 de Junho, sexta-feira, às 21h, o espetáculo “Tatá Dança Simões”, que
será realizado no Clube Ficahí, em comemoração aos duzentos anos de Pelotas,
com entrada franca. Aqui teremos a oportunidade de unir um dos grupos
referência de Dança-Teatro no RS, com o histórico Clube Ficahí, para contar com
o corpo dos atores-bailarinos os grandes textos do maior nome pelotense das
Letras, João Simões Lopes Neto.
“Eu,
de mim, ignoro quem foi Romualdo. Contados os seus casos na prosa chata que se
vai ler, muito perdem do sabor e graça originais; guarde porém o leitor a
essência da historieta e repita-a, - por sua vez: recorte-a, enfeite-a com o
brilho do gesto e da dicção, acrescente um ponto a cada conto.., e terá
presente, imaginoso, criador, inesgotável.., serás tu próprio, leitor, o
Romualdo, redivivo...” (Simões Lopes Neto)
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