terça-feira, 23 de julho de 2013

Apesar do frio, o ensaio do espetáculo Terra de Muitos Chegares está a pleno vapor. Abaixo, algumas fotos tiradas pelo ator-dançarino Jão Cruz.











quinta-feira, 11 de julho de 2013

Boca de Cena convida para estreia de Tatá, o Documentário.

No próximo sábado, 13 de junho, o grupo Boca de Cena convida para a estreia de seu documentário "Tatá: O Documentário". 
Idealizado pelo grupo, em parceria com a Epílogo Filmes, sob contemplação do PROEXT e apoio da UFPel,  o documentário retrata momentos do grupo Tatá ao longo do ano de 2012.
Com entrada franca e classificação livre, a apresentação será no Núcleo de Artes Cênicas, rua Tamandaré, 275.
Além do lançamento, também será exibido a ação "Nem Te Conto- Troco Minha História Pela Sua."
PRESTIGIEM!!! 


quinta-feira, 4 de julho de 2013

Oficina

Na tarde desta terça-feira, 2 de julho,  os integrantes do Tatá participaram de uma  oficina com o grupo  Boca de Cena 


A Oficina intitulada “Cena e Vídeo" traz vários elementos, não só corporais mas também visuais. A proposta é que durante os exercícios, hajam duas câmeras para registro e experimento: uma delas um dos integrantes do Boca estaria gravando as ações em plano aberto e com a outra um dos participantes seria convidado a gravar a cena mais de perto. Com projeções em vídeo interagindo com todos que ali participavam, os responsáveis pela oficina acreditam que o fato de alguém, ao ouvir uma trilha enquanto grava alguma cena em vídeo, fará com que o produto final ganhe, além de ritmo visual, um caráter de estético. 







Lizandra Vilela




Construindo Um Modo De Ser Artista/Educador.

               O que a arte representa para nós que trabalhamos com ela? Como nos colocamos quando nos deparamos com uma situação de conduzir um trabalho, mesmo que momentaneamente? Pretendo descrever aqui um pouco dessa experiência.
            Diferente de trabalhar com pessoas desacostumadas a exercitar   a arte da dança, penso que trabalhar com  colegas a responsabilidade é maior devido ao prévio  conhecimento que estes já possuem sobre o assunto.
       Uma das atividades proposta pela coordenadora para ser enfatizada neste dia, foi a técnica trabalhada desde o início do grupo, viewpoints, devido ao fato de que alguns colegas novos ainda não a conheciam. Deste modo pude externar verbalmente o que corporalmente estou acostumada a fazer. Como é estar no jogo, ou fora dele, observar, retornar? Ter vários olhares sobre o mesmo assunto.
 Começamos com uma brincadeira de pega-pega para nos aquecermos. Assistimos três vídeos que o colega Flávio Lima trouxe de danças folclóricas alemãs e italianas, observando detalhes, acentos, passos básicos, para nosso próximo espetáculo, trabalho este, que está ainda em construção.
     Iniciei dizendo aos colegas, de uma forma simples, o que é wiewpoints, o modo como eu entendo, ou seja, as várias perspectivas ou pontos de vista que espectadores em diferentes locais podem ter de um mesmo objeto no espaço (neste caso, o corpo do ator-bailarino) e como esse corpo constrói significados. Se o espectador está tendo, por exemplo, uma visão lateral ou frontal do bailarino, as percepções serão diferentes.
    Começamos caminhando, fui falando para que estivéssemos focados, percebendo qual nossa trajetória no espaço, de onde e para onde queríamos nos deslocar e quando essa trajetória mudasse, de fato, estivéssemos cientes da mudança, o porquê, qual o estímulo que fez com que a mesma acontecesse. Depois de um tempo nessa exploração, aos poucos, fui acrescentando variação de velocidade, pausas, nas pausas ou no trajeto algum tipo de movimento, interação com o colega, copiar o movimento do outro, segui-lo, formar bando. Utilizei algumas cadeiras como parte do espaço de jogo, alguns sons (estímulos a partir de barulhos produzidos com as cadeiras).
   Na variação de velocidade nos percursos fiquei pensando em como  vejo o grupo quando estou “jogando”, normalmente corremos, caminhamos rápido ou muito lento. Não há nuances entre essas variações. Então pedi que houvesse uma maior variação de como percorrer as distâncias.  Também percebi que com o intuito de modificar o espaço, as vezes modificamos sempre da mesma forma, porque não ocupar aqueles espaços “convencionais”? Parece que não querendo ser “convencional” fizemos sempre o mesmo. Isso tudo fui imaginando enquanto observava os colegas “jogando”.
     Ao longo do trabalho pedi que cada um dos “novos” parasse para observar. Fato que a algum tempo atrás eu não entendia a razão. Ao mesmo tempo em que se “aprende fazendo”, se aprende observando.  Senti muita necessidade que os colegas observassem uns aos outros, para se perceberem melhor.
  Conversamos sobre a percepção que cada um teve nos momentos em que ficou observando, como se sentiu.
     A partir daí passamos para uma atividade de exploração corporal, buscando criar material para a “ das bagagens”do espetáculo em construção, “Terra de Muitos Chegares”, tendo como ponto de partida o wiewpoints. Retomamos alguns resultados de improvisações anteriores. Trabalhamos com tecidos, grandes, pequenos, coloridos, de texturas diferentes. Surgiram várias situações, partituras interessantes, que anotei de modo que a ideia não se perca podendo retornar a ela quando necessário Importante ressaltar que sempre há uma reflexão sobre o que se improvisou o que observamos o colega fazer, o que determinada movimentação nos remete? Ação sem reflexão não tem sentido.
   Como estamos acostumados a trabalhar em grupo, uma atividade nem sempre fácil, o processo é colaborativo e neste dia não foi diferente. Sugestões, opiniões, pontos de vista diferente sobre o que está se construindo  foram  conversados.
     Éramos poucos nesse dia. Não sei se devido ao número reduzido, estávamos bastante concentrados, o sentido cinestésico funcionou bastante. Me fez lembrar alguns ensaios onde  a coreógrafa nos ressalta que “não estamos presentes, inteiros” e o quanto é perceptível quando estamos mergulhados, de fato, em um exercício.

  Concluo dizendo que criação em arte é trabalhosa como qualquer outra atividade que encaramos com seriedade. Trabalhar em grupo, buscar soluções criativas, envolve desprendimento, paciência e muita paciência. Se responsabilizar por organizar uma situação de ensaio também não é fácil.

Gessi Konzgen