sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Pegando Junto

No dia 31 de julho, Alencaragão e eu, saímos de Pelotas com destino a Bagé e Candiota, para fazermos a pré-produção do Terra de Muitos Chegares. Durante a ida, assuntos sobre nossas raízes surgiram.  As palavras do Higor: "Alexandra, você precisa dividir sua história com a gente no Tatá, isso será muito importante para o processo", me fizeram pensar que, ao mesmo tempo que é difícil eu abrir a história de minha família verbalmente para um grande grupo, faz eu perceber também que ela está intrínseca em mim, reverbera tudo que faço e sou. Minhas bagagens, somadas as bagagens do nosso motorista (que dividiu muita histórias durante essas horas de viagem) e as de Higor, loooooongas histórias, muito gostosas de ouvir, foram se costurando as discussões e reflexões do mundo como está hoje. Como se constituem essas tradições aqui em Pelotas, pessoas que são vistas apenas com nome e sobrenome, pessoas sem "posses", pessoas com oportunidades, pessoas que tem tudo e não aproveitam essas oportunidades. Esses e outros assuntos que permeiam nossos chegares, como nos sentimos estrangeiros em nossa própria terra. Essa longa conversa de aproximadamente duas horas e um pouquinho me fez perceber mais uma vez que as coisas não são óbvias, de que a gente precisa aprender a pegar junto, de deixar de ser tão individualista ao ponto de enxergarmos somente nosso próprio umbigo, olharmos ao outro, compreendermos a dimensão sensível do ser humano, e trabalharmos a sensibilidade em nós. E a partir dessa sensibilidade, encontramos pessoas "certas" em Bagé e em Candiota que nos apontaram o "caminho das pedras" (segundo o Higor), nos aproximando do discurso que nós, enquanto Tatá Núcleo de Dança-Teatro da UFPel, propomos.

Foi um dia cansativo, porém, um dia feliz.

Alexandra Latuada