Pelotas, 20 de
Setembro de 2012.
Dias 17 e 18 de
Setembro, o Tatá – Núcleo de Dança-Teatro, projeto de extensão do curso de
Dança-Licenciatura da UFPel, da qual eu faço parte, participou do 2º FENUDI –
Festival Nacional Universitário de Dança em Itajaí/SC , realizado pela Univali.
Recentemente estamos
em processo de criação do novo espetáculo, “Terra de muitos chegares”, onde se
partiu de uma investigação dos nossos antecessores, os imigrantes que aqui
chegaram. Assim cada interprete criador trouxe suas histórias relatando o que
havia lhes constituídos até então. A partir desse material, mais algumas
trilhas e bibliografias pesquisadas por nossa coordenadora, criamos uma cena
experimental de aproximadamente 15 minutos e realizamos uma mostra da mesma
nesse festival.
Antes mesmo de
apresentarmos, ao observar a todos os outros grupos que ali estavam presentes,
já pude perceber uma certa atenção dos mesmos para figurinos grandiosos e
uniformizados, maquiagens, e entre outras coisas que foram incrementando todas
as obras. Quando se iniciou as mostras, eu vi em todas as apresentações, aquela
dança virtuosa, composta por uma unidade de corpos, passos e movimentos, ao som
de uma música, muitas vezes comercial. O que de fato difere totalmente do nosso
trabalho desenvolvido, então eu e meus colegas percebemos que estaríamos em uma
situação delicada, pois estávamos propondo
algo que seria fora do que acontecia ali. E foi dito e feito, quando em cena,
sentimos o estranhamento e a zombaria em relação ao nosso trabalho.
A “Dança-Teatro” é
uma linguagem nova, onde através de outros experimentos com expectadores
pudemos constatar isso. Eu particularmente, não me vejo dançando sem que haja
uma intenção em cada movimento proposto, onde existe uma verdade dentro de mim
que eu a coloco para fora, resultando em dança. E que se é real para mim, de
alguma forma vai tocar o público da maneira que ele se fizer entender, sem ter
um consentimento certo ou errado do que se transmite, pois nada é acabado, e
sim um fluxo contínuo.
Eu acredito muito no
trabalho que realizo junto ao meu grupo, e isso me dá forças para me expor
diante de qualquer plateia e situação, através desse tipo de dança, “o porque”
e “o que” realmente me move. Não consigo muitas vezes assistir uma coisa que
fora dos palcos é surrealista, pois na sociedade(mundo) em que vivemos, não
existe uma unidade de pessoas.
Não queremos cidadãos
que apenas reproduzam, mas sim, que digiram as informações e as usufruam da
melhor maneira, para que possivelmente, lembrem-se que acima de qualquer valor,
são seres humanos.
Arthur Malaspina
Junior
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