quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Nos escaninhos da memória...

Nem só de planejamento vive uma companhia de dança-teatro. Imprevistos podem ser bem produtivos. No 1º dia da maratona de apresentações do Tatá, a minha estréia nos palcos com o espetáculo que homenageia Simões Lopes, sofreu um adiamento por conta da chuva.

O que fazer? Mais do que ensaiar, resolvemos aprimorar nosso figurino. Enquanto alguns faziam bainha nos mais variados adereços com chama de velas – a delicadeza dos tecidos exige tais cuidados – outros buscavam soluções para compor a indumentária “piuchada” doa atores-bailarinos.

Porém o impacto desta interação está muito mais na troca de informações do que no figurino em si. Não só eu, como metade do elenco atual é de fora do estado. Conhecer o nome das peças do vestuário tradicionalista. Entender as personagens folclóricas que povoam o imaginário gaúcho. Compreender o recorte de uma sociedade continental como o Brasil pelo olhar de uma parcela de seu povo (único, inusitado e fascinante), mas ainda assim carregando a essência da nação mestiça, transcultural e sincrética.

Aliás, o aperfeiçoamento do nosso trabalho como um todo contextualiza-nos ao enredo em questão e demonstra o quanto somos ignorantes quando o assunto é a nossa própria cultura. É preciso revisitar nossa história. Re-conhecer nossa identidade, tantas vezes distorcida e, quantas outras, negada. Cada vez mais aprendo sobre mim, ao desvendar o RS, porque no fim essa história que conto é de todos nós.

Higor Alencaragão de Carvalho

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