quinta-feira, 9 de junho de 2011

Ensaio sobre o conto BATENDO ORELHA!...

  Trabalhando um dos contos Gauchescos de J Simões Lopes Neto, sobre o homem e seu cavalo, mais precisamente sobre a doma deste cavalo, foi nos colocada a seguinte proposta pela coreógrafa:
           - Pensem em algum momento de suas vidas em que algo ou alguém tentou domá-los.
            A princípio parece sem propósito, embora esse trabalho seja norteado desta forma  (pesquiza em cima do corpo=vida do bailarino)          algumas falas tiradas dos textos e adaptadas, outras criadas a partir das histórias vividas pelo bailarino e o movimento vem a partir do que aquele assunto provoca no  corpo de cada um.
            Mesmo estando acostumada com este modo de compor, algumas questões ainda me pegam de surpresa.
            Em que momento da vida me senti sendo domada. São tantas as situações que isso acontece que é díficil pensar em uma apenas.
            Tínhamos que mostrar no corpo do colega o que pensamos.  O material que havia em cena naquele momento para traduzirr a idéia pensada em ação para que os outros pudessem ver eram algumas cordas, saias, tecidos...
            Então eu comecei a contar a minha história de alguns minutos, ou segundos talvez... e a chorar...
            Não consegui contar exatamente o que acontecia na escola, porque não era isso que realmente importava, mas como eu me sentia,
então peguei uma saia grande cheia de babados e cobri o corpo do colega que estava sentado, deixando só o rosto de fora, na verdade queria que aparecesse apenas os olhos e o nariz. O resto tudo deveria estar escondido. Essa saia me podou muitas possibilidades.
             Afinal de contas o que uma criança pobre e negra  ( moreninha ) tem para ser aproveitada na escola.
             Já se passaram muitos anos.
           A saia que eu coloquei cobrindo o corpo do colega continua aí pelas escolas da vida, limitando e domando muitas oportunidades...

Gessi 

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